Foi
ali, ao teu encontro, que te vi impaciente por entre esses belos olhos escuros
cor de azeitona onde ficavas baloiçando a cabeça sublime e inquieto com um
pensamento sujo de quem outrora fora tanto e agora tão pouco. Eu era apenas uma
esbelta menina nostálgica e desassossegada que suspirava insistentemente por ouvir
a tua voz enquanto que a claridade daquela tarde de sol despertava o meu
coração pela ilusão das nossas ondas desfeitas. A tua suave presença e o
mistério envolvente dos teus gestos indicavam-me um vago e doce embalar de todo
esse amor, ou paixoneta, que noutros tempos existiu. Sentei-me pensando nesses
velhos dias que o tempo e o frio fresco da madrugada não conseguiam trespassar
do meu pensamento fervoroso que cintilava como uma pálida lua em direção a ti.
Toda essa maresia de lágrimas não pareciam escorrer-me pela face, mas pelos
órgãos, como se algo impuro como um túmulo disforme pretendesse acariciar o
nosso puro, sereno e teatral amor. Temo, mais tarde, arrepender-me por ter
abdicado do nosso sonho de vivermos numa anémona perfeita, entontecida e
flutuante acompanhando os ponteiros do relógio. O nosso amor virou rumor por
parte de qualquer desses astros profanos que previam o nosso destino em conchas
carentes e necessitadas de atenção como as nossas almas quase imortais.
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